domingo, 10 de julho de 2016

Os Heróis da Bruzundanga

Assum Preto, o herói cangaceiro cego, a bela Mani, filha da terra e o Visconde Quaresma tem a missão de transformar a Bruzundanga de 2094.

O titulo 'Os Heróis da Bruzundanga' refere-se ao conjunto de historias no formato de HQ, vividas por uma liga de três personagens brasileiros, que juntam seus talentos especiais e poderes para salvar o fictício pais da Bruzundanga de seus mais temíveis e improváveis vilões, tais como Fujoshi, o Exercito de Formigas e os Tupi-Rerekoara.

veja postagem original com comentários 

Nessa ficção o Brasil é perfeito no que diz respeito a administração publica, nenhum traço de corrupção, a economia cresce vertiginosamente e nossa cultura é adorada no mundo todo.

O Brasil chegou nesse ponto quando uma linha de tempo alternativa foi criada a partir do momento que o então presidente, Floriano Peixoto decide aceitar as propostas de reforma apresentadas por Policarpo Quaresma no ano de 1893

Policarpo Quaresma, seus sobrinhos e descendentes passaram a estar a frente de todas as decisões políticas do Brasil, é como se uma nova família real surgisse (apesar da objeção dos Quaresmas à monarquia). Eles preferem ter seus cargos a titulo de ‘Os Guardiões da Ordem e do Progresso’.

Já a Buzundanga não, lá a corrupção corre solta, é um problema endêmico. As duas classes dominantes, a dos doutores e a dos novos ricos, mergulharam o pais num ciclo vicioso de crimes e corrupção; que de forma incomum aumentaram muito a distinção entre pobres e ricos.

Nesse cenário decadente a violência e o ódio ocupam todas as escalas sociais..

A genialidade de Lima Barreto e seus livros ‘Triste Fim de Policarpo Quaresma’, e ‘Os Bruzundangas (a qual não tenho a menor pretensão de me equiparar) servem como base e fundação para uma rica e infinita linha de personagens e aventuras.

Sempre fico incomodado pelo fato de Lima Barreto nunca ter tido um assento na Academia Brasileira de Letras, esse desconforto cresce exponencialmente quando se considera que o Sarney tem um – fazer o que né!?!?!

A trama...

O ano é 2093, duzentos anos depois das reformas de Quaresma/Peixoto - o mandachuva da Bruzundanga (mandachuva é o termo que se usa para designar o presidente), Dr. Kasthriotoh Krat Ben preocupado com os aterrorizantes índices de subdesenvolvimento e corrupção convida uma liga de heróis da moderna e democrática nação dos Estados Omni Utocráticos do Brasil, um dos países mais avançados e copiados do mundo, para livrar o país das mazelas que tanto entravam o seu desenvolvimento. A liga de heróis é integrada por:


Assum Preto foi o único sobrevivente de uma prolongada exposição à resíduos radioativos de varias naturezas - com isso ficou cego, mas adquiriu muitos outros superpoderes.


Assum Preto, ou simplesmente Assum - um anti-herói cangaceiro que, tal como o pássaro de mesmo nome, ficou cego dos olhos em função da exposição prolongada à radiação do lixo atômico de Angra dos Reis, enterrado no solo remoto da Lajedo do Pai Macteus. Essa mesma radiação fez com que tivesse poderes especiais e sua cegueira é enormemente compensada por sua força, selvageria e sentidos aguçados.

Mani, sua mãe ficou grávida da terra e por preconceito, foi expulsa da tribo. Logo ao nascer Mani já sabia falar e conhecia os segredos da selva, mas nao foi capaz de salvar sua mãe que morreu alguns minutos apos o parto.


Como líder dessa liga, o Visconde Quaresma integra o grupo - parente bem menos ingênuo do bem conhecido Policarpo Quaresma. Visconde Quaresma tem QI acima dos 300 pontos e ama o Brasil tanto quanto seu antepassado

Juntos tem o compromisso de transformar a Bruzundanga num pais igual ou melhor ao Brasil.
Entre outras coisas Assum Preto detesta a corrupção, foi a corrupção que fez colocarem lixo atômico em sua propriedade, matando todos aqueles que mais amava e mudado completamente sua vida. Agora tem carta branca e promete punir cada um deles, a sua maneira.

Bruzundanga – que país é esse?

A Bruzundanga fica na zona tropical e sub tropical, tem 18 ou 29 províncias e sua capital é Bosomsy

A Republica dos Estados Unidos da Bruzndanga foi criada pelo escritor Lima Barreto, publicado postumamente em 1922.

Lima Barreto define sua criação, “A Bruzundanga fornece matéria de sobra para livrarnos, a nós do Brasil, de piores males, pois possui maiores e mais completos. Sua missão é, portanto, como a dos maiores da Arte, livrarnos dos outros, naturalmente menores”.

A Bruzundanga é um país fictício, onde há, tal a como na Primeira República, diversos problemas sociais, econômicos e culturais. Os políticos são nomeados pelo voto, mas quem vota não tem a menor idéia do que faz. O presidente tratado por 'Mandachuva' e engajado na política através do sogro que o quer em bom cargo para as filhas, “chegou à presidência graças à sua ignorância e logo que se viu empossado se cercou de sua clientela”. Cargos são entregues devido à beleza dos candidatos que devem saber dançar, cumprimentar e sorrir para impressionar os estrangeiros.

Os cidadãos comuns de Bruzundanga quase morrem de fome, mas comprometem quase toda sua renda para vestirem-se à moda da Sibéria. Também quase morrem de calor posto que habitam as regiões tropicais e semi-tropicais, mas fazem isso para impressionar os estrangeiros. Gostam de tudo que vem do exterior, julgam belo tudo o que é admirado pelos países estranhos e seus sábios, dizem admirar a escola de poesia ‘Samoieda’, apesar de não compreenderem muito bem este estilo, o nome confere uma certa magia e exotismo. O povo da Bruzundanga é doce e crente, mais supersticioso do que crente, e entre as suas superstições está esta do ouro. Eles nunca o viram, eles nunca sentiram o seu brilho fascinador; mas todo o bruzundanguense está certo de que possui no seu quintal um filão de ouro.

Ao contrario do que acredita-se, Mani circula por meios urbanos e domina armas e tecnologia, mas como não é seu ambiente natural, quanto mais tempo passa longe da natureza, mais reduzem seus poderes - A única forma de reabastecer suas baterias é livrar-se de roupas e qualquer outra artificialidade urbana e correr para o meio da natureza. 

O país vive de expedientes, isto é, de cinqüenta em cinqüenta anos, descobre-se nele um produto que fica sendo a sua riqueza. Os governos taxam-no a mais não poder, de modo que os países rivais, mais parcimoniosos na decretação de impostos sobre produtos semelhantes, acabam, na concorrência, por derrotar a Bruzundanga; e, assim, faz morrer a sua riqueza,

Com o café dá-se uma coisa interessante. O café é tido como uma das maiores riquezas do país; entretanto é também uma das maiores pobrezas. O café é o maior "mordedor" das finanças da Bruzundanga. A cultura do café é a base da oligarquia política que domina a nação. A sua árvore é cultivada em grandes latifúndios pertencentes a essa gente, que, em geral, mal os conhece, deixando-os entregues a administradores. 

Os proprietários dos latifúndios vivem nas cidades, gastando à larga, levando vida de nababos e com fumaças de aristocratas. Quando o café não lhes dá o bastante para as suas imponências e as da família, começam a clamar que o país vai à garra; que é preciso salvar a lavoura; que o café é a base da vida econômica do país; e -- zás -- arranjam meios e modos do governo central decretar um empréstimo de milhões para valorizar o produto.
 
Assum Preto - Tem uma estranha ética e respeito pela vida, para ele, corruptos (tais quais aqueles que sorrateiramente enterraram material radioativo no lindo Aterro do Pai Mateo) são como tecidos cancerígenos que precisam ser extirpados da sociedade. 

Ainda na Bruzundanga de Barreto, diversas espécies de escolas mantidas pelo governo geral, pelos governos provinciais e por particulares. Estas últimas são chamadas livres e as outras oficiais. Desses alunos pouco é exigido, o sistema educacional é enormemente falho valoriza os filhos dos poderosos, que fazem os pais desdobrarem-se em bancas de exames, conseguindo aprovar os pequenos em aritmética sem que ao menos saibam somar frações. Os futuros diretores da República dos Estados Unidos da Bruzundanga acabam os cursos mais ignorantes e presunçosos do que quando para lá entraram. São esses tais que berram: "Sou formado! Está falando com um homem formado!"

Tal como o pássaro da letra de Luis Gonzaga, Assum Preto ficou muito mais sensível e perceptivo após o acidente que lhe custou a visão - todos seus ímpetos parecem ter crescido a novas dimensões, seu lado de cangaceiro selvagem não foi exceção. Uma de suas armas preferidas é o EPD (Extrator Parietal Duplo), espadas duplas, com jogo de laminas e servomotores de alta velocidade, controlados por múltiplos sensores.

A Bruzundanga de 2093 é o local perfeito para o encontro de vilões tão poderosos, míticos e improváveis que torna a tarefa de combate-los algo que beira a impossibilidade, principalmente quando entra em cena Fujoshi*, amada arqui inimiga de Quaresma.

OS TUPI-REREKOARA

Orígens

Tupi-Rerekoara significa "os Protetores Tupi" em Tupi Antigo - conhecidos como "os derradeiros remanescentes de Îagoanharó" é uma crença que acompanhou a aurora do cristianismo, em paralelo à catequização performada pelos jesuítas no Brasil, uma seita ritualística autentica brasileira, secreta e antiga. Mnateve-se escondida por quase 500 anos, só tendo sido revelada ao mundo em 2021 após a investigação de uma série de relatos de canibalismo ritualístico, em várias cidades brasileiras.

Atribui-se a fundação da seita ao guerreiro Jaguaranho, filho de Piquerobi, irmão de Tibiriçá. Diz a tradição que, inconformado com a aliança entre Tibiriçá e os Portugueses, Jagoanharo alinhou-se aos Guarulhos, Guaianás e Carijós, para permitir a traição de Tibiriçá e consequente expulsão dos portugueses da aldeia do Inhauambuçu, região atual do triângulo histórico de São Paulo, bem como a destruição do Pátio do Colégio. 

Subjugados pela superior força da aliança dos Tupi-Portuguesa, a coalizão indígena foi derrotada em 09 de julho de 1562, no chamado Cerco de Piratininga. 

Simbologia 

Tibiriçá, como um recente bom cristão, resolveu poupar as vidas do irmão e sobrinho, e liberá-los nas Serra da Pirucaia, sem que os portugueses soubessem - Importante que se diga que Tibiriçá era conhecido por uma pintura característica, com olhos nas nádegas, que o tornava imune às traições, pois era capaz de enxergar quem o atacava por trás (do Tupi Antigo - tebira - nádegas e esá - olho). 

Feridos, pai e filhos acharam refúgio em meio a um grupo de Tupinambá, moradores da Serra, que os salvaram da morte. Esse pequeno grupo de varias etnias nativas resolveu se juntar para guardar as tradições 'Tupi', sem jamais se deixar ceder para a cultura europeia conquistadora. 

O primeiro ato da Ordem Tupi foi a retaliação contra a invasão portuguesa nas margens do Kururipe, que ocorreu por parte dos K'aaetés em 16 de junho de 1556, quando fizeram o ritual de canibalização do Bispo Sardinha e mais outros 90 Karaíbas.

Casa do Jardim da Gloria com as três pirâmides do Îaraguá em relevo na fachada


Para criar sua própria identidade, os agora chamados de Tupi-Rerekoara, adotaram a pintura do guardião das três montanhas, duas do pano terreno, como a do Jaragua, viradas para a terra, o plano dos homens, tal como o Pico do Jaraguá (Guardião do Vale), visível da aldeia, e a terceira voltada para cima, , no plano dos espíritos. Identificados com o símbolo das três pirâmides do Îaraguá.

A seita continuou suas atividades na obscuridade, alguns iniciados tatuavam as três Serras do Îaraguá em seus rostos, suas nádegas ou ainda, colocavam o símbolo na faxada de suas casas. 

Trajetória

Alem de serem guardiões das culturas ancestrais, os "Rerê", como são conhecidos entre si, combatem os males do caráter humano, detestam todas as formas de traição, principalmente a corrupção, presentes na administração pública das sociedades modernas - era muito comum encontrar políticos indígenas expondo publicamente políticos corruptos, que foram previamente julgado pela ordem, mostrando à mídia o meio de corrupção, tal como o dinheiro oferecido, devolvendo o mesmo e por fim, matando e devorando o réu.

A ordem sempre manteve ramificações na maior parte dos países americanos, asiáticos, africanos e europeus, mas o número total de membros parece nunca ter sido superior a 1200. 

Os Tupi-Rerekoara modernos

Logo da Ordem Tupi-Rerekoara, com as três pirâmides do Îaraguá tatuadas na testa

Pouca evidência pode ser encontrada para apoiar a hipótese de que o grupo Tupi-Rerekoara tenha sobrevivido até o século XIX. Contudo, diversos grupos têm usado sua fama desde então para criar seus próprios ritos, alegando serem os Tupi-Rerekoara, incluindo a Ordo Rerekoara, Die Alten Beschützer der Indianer e a De antiquis Ordinis Tupinakyîa.

Existem rumores que até hoje os Rerê continuam a julgar e devorar seus inimigos, más como eles tem grande experiência em esconder seus feitos e seguem rigidamente as tradições orais, não há registros de seus feitos. 

----------

(*Fujoshi - 腐女子 - alem de ser o nome do Nêmesis de Quaresma, é um termo difamatório japonês usado para identificar fãs de mangá. Fujoshi é o inimigo que Quaresma ama e odeia, tal qual faz Pagano que pratica sua Antropofagia à cultura Japonesa para obter o estilo Tupi-Pop, que caracteriza sua arte).

“Os Bruzundangas” escrito nos anos anteriores a morte de Lima Barreto, é uma sátira mordaz ao Brasil, que não estranhamente, continua válida e atual e por isso torna-se o ambiente perfeito para nossos heróis.

- Importante reslatar que o autor condena e repudia atos de violencia, trata-se de uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Heróis da Bruzundanga em formato de mangá

  ブルズンダンガの英雄たち Os Heróis da Bruzundaga - 原作 と 作画ルイス・パガーノ escrito e ilustrado por Luiz Pagano A seguir, um trecho exclusivo da adaptação em m...